Sector tecnológico continua a abrandar as suas Projeções de Contratação  

Conclusões do Experis Tech Talent Outlook: 3º trimestre de 2024

  • Portugal apresenta uma Projeção 12 pontos percentuais abaixo da média global

O atual cenário de incerteza política e económico, as crescentes dificuldades no acesso ao capital devido à subida das taxas de juro, e a necessidade de recalibrar o tamanho das equipas, após um período pós-pandemia de elevada contratação, têm vindo a traduzir se num abrandamento das intenções de contratação do sector tecnológico, a nível global, que tem também espelho na realidade nacional. 

Apesar de em queda, as intenções dos empregadores do setor revelam-se ainda bastante positivas, com 42% das empresas a preverem aumentar as suas equipas no próximo trimestre, face a 25% que anteveem reduzir e a 31% que planeiam manter o seu número atual de colaboradores. Os dados são apresentados no estudo Tech Talent Outlook, apresentado pela Experis, e mostram uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego no setor das TI de +17% para o terceiro trimestre de 2024, um valor já ajustado sazonalmente e que representa um abrandamento moderado de 5 pontos percentuais face ao trimestre anterior e de 27 pontos percentuais comparativamente com o período homólogo do ano anterior.

Observamos, nestes últimos trimestres, o efeito do abrandamento nas contratações do sector tecnológico, que já se fazia sentir noutras regiões desde 2023. Sabemos que houve um excesso de contratações no período pós-pandémico, motivado pela expectativa de uma rápida transição para modelos digitais, que não se veio a concretizar com a escala inicialmente estimada, e que teve de ser corrigido. A essa correção juntou-se igualmente uma menor liquidez no mercado e um acesso dificultado ao capital, que fomentou uma procura de otimização de custos. Finalmente, os últimos anos foram marcados por uma crescente disrupção tecnológica, com a rápida evolução da IA Generativa a impactar as prioridades de desenvolvimento das empresas tecnológicas e não tecnológicas, com a necessidade de reestruturar prioridades de investimento e o talento que suporta essas prioridades”  explica Nuno Ferro, Brand Leader da Experis.

Apesar do abrandamento do crescimento do setor tecnológico desde o início do ano, é importante destacar que a procura de talento continua robusta, com quase metade dos empregadores deste setor a planear aumentar as suas equipas, nomeadamente em perfis de IA ou data science, capazes de responder às necessidades de desenvolvimento destas áreas prioritárias”, conclui.

Projeção para a Criação Líquida de Emprego tem vindo a abrandar em Portugal desde o início do ano

Após um ano de Projeções para a Criação Líquida de Emprego em crescimento, em que se assistiu a um aumento expressivo das contratações no setor, o segundo trimestre deste ano ficou marcado por uma inversão desta tendência, com uma redução de 35 pontos percentuais, que é agora acentuada por mais uma quebra de 5 pontos percentuais. O cenário atual de contratações traduz-se assim numa redução de 27 pontos percentuais face ao período homólogo de 2023.

Empregadores do setor das Tecnologias da Informação são os que mais querem contratar na região EMEA e a nível global

Os valores anunciados colocam Portugal 8 pontos percentuais abaixo da média da região da EMEA (Europa, Médio Oriente e África) e 12 pontos percentuais abaixo da média global.

A nível global, as Tecnologias de Informação são o setor que apresenta a Projeção para a Criação Líquida de Emprego mais elevada, com um valor de +29%, revelando, contudo, um ligeiro decréscimo de 5 pontos percentuais face ao trimestre anterior. Comparativamente ao período homólogo de 2023, regista-se um abrandamento de 10 pontos percentuais. Na Região EMEA, onde se situa Portugal, a Projeção do setor é de +25%, situando-se 3 pontos percentuais abaixo da registada no trimestre anterior e 5 pontos percentuais abaixo do verificado no período homólogo do ano passado.

O estudo da Experis entrevistou 5 871 empresas tecnológicas, em 42 países e territórios.

* A Projeção para a Criação Líquida de Emprego resulta da diferença entre a percentagem de empregadores que planeia aumentar a sua força de trabalho e a percentagem de empregadores que planeia reduzi-la.